sábado, 28 de maio de 2011

Bom senso

Pode parecer óbvio que precisemos de bom senso, mas a questão é conseguir delimitar o que isso representa. Talvez a palavra mais correta fosse "empatia", mas acho que vai além disso. E os casos se acumulam. Se o leitor puder me ajudar a definir o que precisamos, relacionado a isso, eu agradeço. Vamos às situações.

Uma amiga, que morreu jovem demais, me disse certa vez que havia um vídeo engraçadíssimo na internet. Da atriz Leila Lopes, também já falecida, mas não na época, descrevendo um acidente que quase sofreu. Assistimos juntos. Ela ria. Eu só lamentava pela atriz, que poderia ter morrido na situação. Pelo drama que ela passou. Não era engraçado, mas tem uma quantidade enorme de pessoas que acham o vídeo divertido. Até hoje.

O filme "Se beber, não case" não tem nada de engraçado. É um festival de grosserias e de situações vexaminosas. Mas tem que o ache divertido, tanto que ele já tem sequência, se é que uma história tão limitada pode ter uma continuação. Assusta ver como as pessoas acham graça do que não tem.

O vídeo de um cara drogado que havia acabado de matar a mãe se tornou hit no YouTube. Falando palavrões e evidentemente fora de si, ele virou personagem. Bordão. Um assassino, drogado, que havia matado a mãe. Porque acharam engraçado. Que graça tem um assassinato?

E os programas de TV que se dedicam a crimes, assassinatos, estupros? Nenhum deles se preocupa em solucionar os casos, mas só em explorar a desgraça alheia. Para que um monte de viciados em más notícias tenham o que conversar na fila do banco, no trabalho, no restaurante. Até se tornarem as vítimas de coisas parecidas, de tanto que falam nelas.

Não bastassem esses exemplos, vídeos e mais vídeos de pessoas se esborrachando por acidente ou por fazer coisas estúpidas se proliferam na rede mundial. Um menino caindo no chão de cara. Um outro arrebentando o saco em um poste. E por aí afora...

Mais do que ver como as pessoas perderam a noção do que é divertido, impressiona notar que a dor alheia não é triste, mas engraçada. Que o mal do outro é entretenimento. Talvez por isso o Brasil (e o mundo) esteja tão envolvido em más notícias, em escândalos, em coisas a lamentar. É o circo. E esse não alimenta a alma. Só a empobrece.