sábado, 22 de outubro de 2011

Tomar parte

Eu pensei seriamente em votar em um cara para deputado federal, mas acabei votando em outro, que não ganhou. Desisti do anterior por conta das alianças que ele havia feito. Ruins, sob meu ponto de vista. Depois, acabei seguindo o cara no twitter. Desisti quando ele, que parecia supercontrário à corrupção, começou a defender um cara de seu partido envolvido em um esquema. Inclusive porque o esquema envolvia o partido inteiro. Tive sorte de não votar nele.

Aliás, minha experiência com a democracia tem sido frustrante. Todo mundo em quem já votei se mostrou tolerante demais com a sujeira em algum ponto. Esteve envolvido em escândalos, se alia a gente notoriamente corrupta, uma decepção só. Não tem um que salve. Um deles, depois de anos tentando um cargo e prometendo ser limpinho, se mostrou o mais encardido de todos. Depois de anos pedindo CPIs, ele arquivou todas sobre seu governo. No fim, só o lado oposto merece investigação. Só "os inimigo", como diria qualquer bandido. E é incrível como "os inimigo" viram amigos de uma hora para outra. É tudo questão de conveniência.

Nestes anos, vi poucos homens imbuídos de um verdadeiro espírito público. Poucos que pediam investigações sérias mesmo para seus aliados. Poucos preocupados com o bem de suas cidades, de seus Estados, de seu país. E, por azar meu, nenhum deles em minha área de votação. Até os cito, para que quem puder votar neles o faça: Pedro Simon e Cristóvão Buarque. Diante de tantos, é pena termos tão poucos.

Eu, de minha parte, não voto mais. Sou obrigado, mas gostaria de, não havendo alguém que merecesse meu voto, ficar em casa. Já que preciso marcar posição, começarei a fazê-lo dando um recado claro a esse bando de corruptos, safados e bandidos: não escolho nenhum de vocês. Voto nulo.

Não digo que quero o retorno a um regime totalitário. Deus nos livre disso de uma vez por todas. É bom que as pessoas possam escolher quem nos deve governar. Só acho que não existe hoje ninguém que mereça. Nem que os obrigados a votar sejam capazes de escolher, especialmente depois das defesas a Orlando Silva e a Cassio Cunha Lima pelo Twitter. Nenhum partido que seja confiável. Acho que todos estão contaminados por gente da pior espécie. Que o diga a resistência de todos na aprovação da Lei da Ficha Limpa.

Espero que, um dia, o brasileiro não seja mais obrigado a votar. Que só vá às zonas eleitorais quem realmente achar que deve, quem realmente tiver um candidato. Que os candidatos, dotados de espírito público, queiram ser como os deputados suecos, ganhando pouco (ou nada) para defender o que realmente importar. Fazer as mudanças que devem ser feitas, não as que são mais convenientes a cada um. Até lá, voto nulo.

domingo, 16 de outubro de 2011

Lixo

Dia desses, voltando para casa, vi um cara no carro à frente do meu, um Fiat Palio preto (devia ter pegado a placa), abrir o vidro e jogar uma latinha de cerveja quase cheia no meio da avenida. Como se fosse um papel de bala, ou as cascas de mexerica que os motoristas de caminhão jogam na Marginal, Pinheiros ou Tietê. A verdade é que, com essa chuva toda, a lata, o papel e as cascas vão todos parar nos rios de São Paulo. Ou da cidade em que você estiver.

O povo que joga lixo nas ruas é o mesmo que protesta por melhores condições de vida. Que quer ganhar um salário melhor fazendo um trabalho de merda. Que entope os bueiros e não quer mais ver suas casas invadidas por água. Ou seus carros presos no meio de uma enchente qualquer. Que não quer morrer no deslizamento de terra depois de desmatar a encosta. Que quer se endividar sem ter como pagar a dívida.

O que essa turma parece não conhecer é a simplicidade de causa e efeito. A toda ação corresponde uma reação, de mesma força, em sentido contrário. Em suma, é a velha máxima de que o que a gente faz se volta a nosso favor ou contra nós. No final, não existem vítimas.